por Lucimar Adão, Zeca Santos;
O Grêmio Recreativo e Cultural Garra de Ouro, é uma escola de samba, na verdade uma academia do samba) de Niterói (município fluminense) fundada em 2003, tem as cores vermelho e amarelo, seu símbolo é o punho da liberdade e tem como escolas madrinhas a Unidos de Lucas e Porto da Pedra( escola de São Gonzalo, que já esteve no grupo especial). E tem sua quadra de ensaios no Largo da Batalha.
Desfila pelo grupo B da Liga das Escolas de Samba de Niterói(LESNIT) , Liga essa que revelou grandes agremiações do carnaval como Unidos do Viradouro, Acadêmicos do Cubango .
Garra de Ouro, já fora campeã do carnaval de 2016,vem se firmando no cenário carnavalesco com enredos que falam ao coração de homens e mulheres que buscam conhecer a própria história e cantá-la com força, honra e glória. São enredos que provocam o povo negro a encontrar líderes abolicionistas ou mulheres na luta pela resistência e existência sociocultural neste país. Foi assim em 2019 com o enredo sobre Luiz Gama, que foi muito bem interpretado pelo premiadíssimo ator Deo Garcez.
E não será diferente no carnaval 2020, que vem homenageando nossas escritoras negras. E que mulheres são essas?

Maria Firmina dos Reis, a abolicionista negra que se tornou a primeira romancista do Brasil, uma escritora maranhense que publicou em 1859 o romance ‘Úrsula’, precursor da temática abolicionista na literatura brasileira. É ela quem centraliza a imagem do banner de divulgação do enredo. Foi uma mulher tão brilhante, que o Google homenageou-a em um doodle , desenhado pelo ilustrador Nik Neves, de São Paulo.
Elisa Lucinda, capixaba da cidade de Vitória(ES). É poetisa, jornalista, cantora e atriz . Idealizadora e fundadora da Casa Poema, a artista tem seu foco de atuação na arte-educação. Apresenta uma narrativa impositiva e realista além de provocadora onde a mulher é força, coragem e mãe. Possui 12 livros publicados. Lamentavelmente, ela não pode estar presente ao ensaio e também não estará no desfile, pois já está em Portugal, em tournè e ainda lançará mais um livro na Feira Literária do Porto. Aplausos a ela.


A cultura negra é muito mais, do que capoeira e cuscuz”.(Lia Vieira) fotos: Lucimar Adão
Eliana Alves Cruz, a mais nova a entrar nessa constelação, nascida no Rio de Janeiro em 1966, jornalista por formação, vice-presidente do Comitê de Mídia da Federação Internacional de Natação – FINA, responsável pelo site www.blacksportclub.com.br, voltado para o resgate da presença negra no esporte. Como escritora vem se destacando na ficção, e conquistando inúmeros prêmios como em 2015 no seu primeiro romance´´Águas de Barrela´´o livro foi contemplado em primeiro lugar no Prêmio Oliveira Silveira, concurso promovido pela Fundação Cultural Palmares, e recentemente foi ganhadora do Prêmio Ubuntu 2020 na categoria de Melhor Escritora de Narrativa Preta. Possui o brilho da simplicidade e da autenticidade na vida e na escrita. Sua presença neste enredo criado por Carlos Mariano é um mergulho na memória e na cultura negra.
fotos e imagem: Lucimar Adão
Fique conosco deixe seu comentário, inscreva-se em nosso canal no YouTube Te Vejo Aqui by Zequinha, pois é nele que você leitor seguidor e fã tem acesso as entrevistas exclusivas e aos teasers de nossas matérias e não deixe também de curtir e comentar ou ate compartilhar nossas dicas e informes na página do Facebook TE VEJO AQUI atualizada pelos nossos profissionais . E não deixe de nos seguir no Instagran @tevejoaquibyzequinha.
Débora Moreno, niteroiense, nascida e criada no Morro do Estado(Niterói), desde dos 6 anos catava lixo para ajudar sua mãe, e já nessa época se encantou pelas capas coloridas dos livros que encontrava. Escreveu seu primeiro texto aos 7 anos, no meio desse caos em que vivia. Coletou latinhas até 38 anos, hoje com 45, e teve 2 importantes momentos na sua carreira, em 2010, quando lançou seu 1* livro ´´Sapatos do Tempo´´ e por ele passou a ser convidada a ministrar palestras em escolas. Em 2019 o sonho maior fora convidada a lançar sua ´´Lolita, Braço de Fita” ´´ na XIX Bienal do Livro. Com essa sua experiência de vida não poderia ficar de fora do mar negro do Garra de Ouro, pois ela é a própria superação e talento que grita pelos direitos sociais e humanos.

Conceição Evaristo, mineira de Belo Horizonte, nascida em 1956, escritora, poetisa, romancista e ensaísta. Ganhadora de inúmeros prêmios como o Jabuti de Literatura em 2015; Prêmio O Globo Faz a Diferença de 2017 categoria prosa e versos; Prêmio Claudia de Cultura em 2017. Mulher guerreira, que aos 60 anos escreveu seu primeiro livro e reivindicou com propriedade a vaga na Academia de Letras. Cidadã do seu tempo, esta escritora usa a palavra como ferramenta de denúncia às injustiças, ao racismo, à exclusão e provoca maremotos nas águas da resistência.
fotos e imagem: Lucimar Adão
Eliana Cruz, Lia Vieira, Débora Moreno e Conceição Evaristo, abrilhantaram a noite com sua disponibilidade e espontaneidade ao desembarcarem no cais do Garra de Ouro, despertando a alegria nos componentes da escola. fotos: Lucimar Adão
O Presidente Cidiclei falou da importância desta representatividade e isso foi perceptível na diversidade ética no chão da escola. fotos: Lucimar Adão
Era visível o reconhecimento das escritoras presentes e da contribuição cultural que emergia por meio delas, pois carnaval é isso, é trazer a cultura com alegria , mas também como forma de resistência de uma ancestralidade que precisa ser vista em todos os setores da sociedade. fotos: Lucimar Adão
Todas escritoras, mulheres e negras com suas “garras” de vencer que de fato, valem ouro. foto: Lucimar Adão
A coluna agradece ao convite da escola em nome de uma de suas diretoras a Dra. Sônia, o nosso muito obrigado e desejamos sorte no desfile, que dar-se-á na segunda de carnaval (24/02) em Niterói.