por Zeca Santos;
Dia 4 de dezembro a Bahia entra em festa, comemora-se o dia de uma guerreira do cristianismo Santa Bárbara. Por ser na Bahia, uma área com forte cultura e religiosidade negra(vinda com os escravos) tem a influência direta dos Orixás(as divindades negras). Portanto, Santa Bárbara, a guerreira, fora associada pelo candomblé a Iansã, esposa de Xangô. E ainda pela Mitologia Yorubá( da mãe África) associada a Oyá. Uma confusão? Nada disso tudo em perfeita harmonia o que prova que a diversidade cultural e religiosa merecem ser respeitada e celebrada como o que acontece todo dia 4 de dezembro em Salvador/BA.
Bárbara nasceu na cidade de Nicomédia na região da Bitínia, onde hoje se localiza a cidade de Izmit, na Turquia, portanto ortodoxa. Bárbara viveu no final do Século III. Foi uma bela jovem, filha única de Dióscoro, um rico e nobre morador da área.
Bárbara, era reclusa em uma torre pois seu pai Dióscoro não queria deixar sua filha única viver no meio da sociedade corrupta daquele tempo. Aos 17 anos , seu pai na obrigação de casar a filha ,segundo a religião ortodoxa, permitiu que Bárbara fosse a cidade e nessas visitas, acabou conhecendo os cristãos de Nicomédia(área em que habitava). A novidade cristã tocou profundamente o coração de Bárbara que acabou se convertento ao cristianismo. Um padre vindo de Alexandria ministrou a ela o batismo. E Bárbara passou a ser uma jovem fervorosa e cheia de virtudes cristãs.
Essa decisão desagradou em muito seu pai que denunciou a própria filha ao prefeito da cidade. Este imediatamente ordenou que Bárbara fosse torturada em praça pública, para tentar fazer com que a jovem renegasse a fé cristã e ela se manteve firme gerando mais ira na população. As torturas se acentuaram até que Bárbara teve seus seios cortados e fora degolada pelo seu próprio pai fora dos muros da cidade. Segundo a mitologia turca no ato da degolação foram ouvidos trovões e relâmpagos visualizados por toda a população e seu pai caiu morto, dai a associação com a divindade africana Oyá que rege os ventos, raios e trovões.(informações passadas pelo Babalorixá e historiador Jorge Souza a nossa coluna veja em nossa página no facebook)
No no candomblé a cor utilizada para representá-la é o marrom ainda que seja mais identificada com a cor rosa, vermelho, laranja e branco.
Uma celebração de muita emoção,
que seria realizada na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.( na Baixa do Sapateiro,centro histórico)
Mais por motivos de segurança passou a ser campal no alto de uma das ladeiras em frente a Fundação Jorge Amado(outro filho de Iansã).
com cânticos católicos ao som de agogôs e atabaques,
seguida de uma belíssima procissão pelas ladeiras do Pelourinho.
Ao som dos clarins e sob a batuta do Padre Lázaro .

Os devotos costumam lhe oferecer sua comida favorita, a amalá, que nesse caso é o tradicional acaraxé com caruru. (aprenda a fazer com a baiana Neide que falou com exclusividade veja na nossa página)
Uma multidão trajando vermelho e branco as cores do Orixá, de todas as idades tamanhos e cores, todos devotos de Santa Bárbara, Iansã ou Oyá.
O nome Iansã trata-se de um título que Oyá recebeu de Xangô que faz referência ao entardecer. Iansã quer dizer A mãe do céu rosado ou A mãe do entardecer. Era como ele a chamava pois dizia que ela era radiante como o entardecer. E é saudada como “Iya mesan lorun”, título referente à incumbência recebida como guia dos mortos. Iansã é associada a sensualidade, dos Orixás femininos é uma das mais guerreiras e imponentes. E foi com essa saudação que Maria Bethânia, a mais nobre filha de Oyá, subiu ao palco do Mercado de Iaô (na Ribeira)a convite de outra filha de Iansã, tão famosa quanto, Margareth Menezes num show épico encerrando as comemorações de Santa Bárbara.
Bethânia, que pela manhã bem cedo compareceu a igreja levando rosas,
chegou ao mercado, num esquema de total segurança, com a família e amigos, e não falou com ninguém antes de subir ao palco e nem depois do show.
Mesmo com problemas no som Bethânia e Margareth arrasaram levando uma multidão ao delírio.

Margareth Menezes, a anfitriã trajava uma roupa leve com nuances que lembrava o entardecer(referência a Iansã) subiu ao palco com a mesma energia contagiante que leva pro seu trio elétrico.
Se emocionou ao ser enaltecida pela diva Maria Bethânia, campeã do carnaval carioca de 2016.
Já Bethânia, com traje em tons de marrom(referência ao seu orixá Oyá), sempre descalça, fez uma participação de 5 músicas.
Nos camarins todas as referências a Santa Bárbara, Iansã, Oyá.

E ainda subiu ao palco outro afilhado de Iansã, que também faz um grande sucesso no carnaval baiano Coreto Afro.

A festa Santa Bárbara é celebrada na Igreja Católica, na Igreja Ortodoxa, além das festas nos terreiros . A festa é celebrada no dia 4 de Dezembro de cada ano.

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Todas as fotos usadas nessa matéria são do fotógrafo e nosso editor Zeca Santos, que viajou a convite dos fãs clubes Bethânicos e Bethânia e Chico aos quais agradeço.
Iansã na Umbanda, Oyá no Batuque, Oyá no Xambá, Santa Bárbara nas Igrejas. Diversidade religiosa merece RESPEITO .
“Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões, fazei que os raios não me atinjam, os trovões não me assustem e o troar dos canhões não me abalem a coragem e a bravura. Ficai sempre ao meu lado para que possa enfrentar de fronte erguida e rosto sereno todas as tempestades e batalhas de minha vida, para que, vencedor de todas as lutas, com a consciência do dever cumprido, possa agradecer a vós, minha protetora, e render graças a Deus, criador do céu, da terra e da natureza: este Deus que tem poder de dominar o furor das tempestades e abrandar a crueldade das guerras. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.”
Eu confio em santa barbara me ajuda alcançar essa graça minha gloriosa santa Barbara em nome de deus pai filho i esperito santo i santíssima da trindade amem
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