´Ser Negro É?´´Assim foi a Festa da Consciência

por Zeca Santos; Paulo Alcântara;

No mês da consciência negra tivemos diversas manifestações culturais para retomada da ancestralidade.Todas maravilhosas, E cada manifestação tinhamos ênfase a algum tópico da cultura negra,como a gastronomia, a moda, a origem,etc.. Nossa editoria foi convidada para um sarau carnapoético,onde a cada poesia recitada(todas de autores/ras negros/as) era todacado em clássico do carnaval carioca.

O local escolhido foi o revitalizado Beco da Rato,lugar histórico de resistência no coraçâo da Lapa(área central da cidade maravilhosa).

Com uma produção do carnavalesco,historiador,comentarista de carnaval e apresentador,Milton Cunha, com apoio da APASB(Associação dos Passistas Brasileiro/Ciro do Agogô) e da ABAC(Academia Brasileira das Artes Carnavalescas).

Por ser um sarau,nossa editoria escolheu um poema do ´´Boi Garantido´´ de nome´´Consciência Negra´´

A consciência negra

A bela arte negra

A ciência negra

A ascensão dos negros

É história, é memória praticada

No Mocambo ou refúgio, o sofrimento a superar

Escravos livres, libertos, esquecimento

Ocultamento, o silêncio no Amazonas a esvaziar

Toda visão do desencanto n’alma negra

Foi a rebeldia à autonomia de um lar

A resistência é uma luta permanente

Por espaço mais decente no direito a se igualar

A consciência negra

A bela arte negra

A ciência negra

A ascensão dos negros..

A liberdade é um valor da identidade

A qualidade dessa raça, a negritude de viver

Expresso canto e suas danças no batuque

Da marimba, da viola e do xequerê

Derruba mastro colorido na festança

Reza a São Benedito a interceder nesse viver

Dança o lundu, o carimbó ralentado

Pitiú do Ver-o-Peso faz Dona Onete se inspirar

A consciência negra

A bela arte negra

A ciência negra

A ascensão dos negros

Ainda assim o preconceito reproduz tanto defeito

Até aonde a tolerância não há

Afirmação da identidade é o caminho que exalta os negros do meu boi-bumbá

O hip-hop, a capoeira, o berimbau na cachoeira

São andanças desse povo no alegrar

O meu destino é o bem de um menino

Sou filho de Catirina o qual nunca se ouviu falar

A expressão maior não se contém naquela carta de alforria e o respeito limitar

O negro é conceito escrito e irrestrito

Na pele, nos olhos e na alma brasileira

A consciência negra

A resistência negra!´´..

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E nos pensamentos de Castro Alves encontramos…

´´Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,

E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão …´´

Nosso cronista,pesquisador,carnavalesco,comentarista de carnaval da SuperLiga Rj, Paulo Alcântara fez uma reflexão sobre o Dia da Consciência Negra

…´´A importância das comemorações do dia 20 de novembro em todo o território nacional é de extrema importância porque valoriza a história, a importância e a permanência dos povos oriundos do continente Africano

Diversas etnias foram espalhadas em inúmeras cidades de diversos Estados. Seus saberes foram fundindo-se e seus costumes perpetuados até hoje. Seja na culinária, vestimenta, esporte, dança, nomenclaturas, fonéticas, arquitetura, escultura e por último, mas não menos importante; a religião. Tudo o que foi trazido e difundido pelos escravizados são hoje peças fundamentais para a identificação nacional do país. Toda a reverência aos descendentes desses povos se faz necessária para a restituição de todo o apagamento feito por centenas de anos.

Mesmo em que colocados em papéis secundários, contribuíram para a formação do Brasil que temos hoje, composto de mais de 50 por cento da população de negros, pretos retintos e mestiços.

Celebrar essa data e lembrar da resistência que foram os quilombos ,porque antes aprendamos nas escolas de que eles eram rebeldes e hoje através de inúmeras pesquisas e estudos percebemos que éramos, como ainda somos os personagens principais na construção de uma nação.´´

Todas as fotos usadas nessa matéria são do fotógrafo e nosso editor Zeca Santos e as imagens de Daniel Azevedo.

A coluna agradece ao convite nos feito pela produção e parabeniza pela festa e aplaude a revitalização e restauração do Beco do Rato.

Nosso grande poeta,advogado abolicionista Luiz Gama escreveu…

QUE MUNDO É ESTE?

Que mundo? que mundo é este?
Do fundo seio d’est’alma
Eu vejo… que fria calma
Dos humanos na fereza!
Vejo o livre feito escravo
Pelas leis da prepotência;
Vejo a riqueza em demência
Postergando a natureza
[.]

Vejo o vício entronizado;
Vejo a virtude caída,
E de coroas cingida
A estátua fria do mal;
Vejo os traidores em chusma
Vendendo as almas impuras,
Remexendo as sepulturas
Por preço d’áureo metal.

Vejo fidalgos d’estopa,
Ostentando os seus brasões,
Feio enxerto de dobrões
Nos troncos da fidalguia;
Vejo este mundo às avessas,
Seguindo fatal derrota,
Enquanto farfante arrota
Podres grandezas de um dia!

Brônzea estátua – o rico surdo
Aos tristes ais da pobreza
Amostra com vil rudeza
Uma burra aferrolhada;
Manequim de estupidez
No orgulho vão de cobiça
Tem por divisa sediça
– Alguns vinténs e mais nada.

Sisudez… que feia masc’ra!
Isso é peste, isso é veneno!
Se é pobre, nasceu pequeno,
Quem aspira a posição?
Não vê que é grande toleima
Querer subir sem moeda.
Pois não escapa da queda
Quem teve um leito no chão!
…´´

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